Comemoramos neste dia 22 de outubro o Dia do Paraquedista e, por isso, a IBRC não poderia deixar de destacar os Cães Paraquedistas do Exército Brasileiro.
A tropa paraquedista do Exército Brasileiro é destaque no cenário mundial pelo emprego de técnicas próprias e, por tanto, os militares de quatro patas também merecem seu devido destaque.
História
Desde a época das civilizações egípcia e grega, constam registros da utilização de cães em combate e, desde então, se tornou cada vez maior o emprego desses animais nas áreas conflituosas.
Foi na Primeira Guerra Mundia, que aconteceu entre 1914 e 1918, que foi reimpregado o uso de cães em combates. No entanto, desta vez, a sua issão era a entrega de corrrespondências, auxílio na instalação de fios de telégrafos e o farejo de bombas.
O Exército Brasileiro destou em matéria publicada em sua revista oficial, a Verde Oliva, na edição 225, que em observação da grande lealdade, coragem, força, rapidez, adaptabilidade e por seu faro apurado, opta principalmente por cães das raças rottweiler, o pastor alemão e o labrador.
Cabe destacar que cada raça possui aptidão maior para determinadas tarefas, como exemplo o cão labrador, que é utilizado pelas Polícias Militar e Federal para farejar drogas ou localizar e resgatar pessoas. Outras raças apresentam maior rendimento nas missões de patrulha, defesa de instalações e, até mesmo, em salto de paraquedas.
Uma das utilizações mais recentes de cães em combate aconteceu na operação de eliminação do terrorista Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda e mentor dos ataques terroristas nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001. O cão estava junto com os militares do SEAL (Sea-Air-Land Team), grupo de elite dos Estados Unidos que realizou a ação.
Cães de Guerra no Exército Brasileiro
O emprego de cães no Exército Brasileiro sofreu aumento a partir da realização de grandes eventos no Brasil, como a Copa das Confederações, a visita do Papa Francisco e a Copa do Mundo.
O adestramento e o treinamento dos cães de guerra são realizados nas Organizações Militares do Exército, em geral nos Batalhões de Polícia do Exército e nos Batalhões de Guarda, dotadas de canil que, entre outras responsabilidades, realizam o controle profilático e o atendimento clínico-cirúrgico dos animais. Para isso, sempre que possível, o canil é equipado com um centro radiológico, centro cirúrgico, ambulatório e um laboratório.
O treinamento dos cães filhotes tem início logo após o desmame, que ocorre em torno de 40 dias. Normalmente, são filhos de cães selecionados e testados tanto no serviço diário quanto nas competições de adestramento.
A partir do desmame, os treinamentos estimulam os impulsos de caça e familiarizam o filhote com os diferentes ambientes e situações que poderá encontrar. (automóveis, instalações, matas, caixas de transporte, barulhos de tiro, megafone, luzes do rotorlight da viatura policial, entre outros)
A criação de um forte vínculo entre o cão e seu condutor também ocorre nessa fase. Esse treinamento é curto, porém intenso. A partir do desmame, somente o condutor do filhote deverá ter acesso a ele. Alimentação, limpeza do box, tratos diários, como rasqueamento e banhos, sempre são executados pelo condutor.
O treinamento dos cães adultos segue uma rotina de treinos até o último dia de serviço. Essa rotina consiste em treinos de obediência, faro e proteção (ataque). Após a formação dos cães, os treinos são conduzidos com a simulação de situações de emprego em diferentes cenários. Os erros são corrigidos e os acertos confirmados.
Cães Paraquedistas no Exército Brasileiro
Os cães de guerra possuem longa trajetória na história da Brigada de Infantaria Paraquedista. Além de atuar nas áreas de segurança do aquartelamento, em operações de garantia da lei e da ordem, patrulhas a pé e no controle de distúrbios; contribuem na divulgação da atividade paraquedista militar, principalmente com a realização de saltos, em inúmeras demonstrações, desde a década de 1950.
O pioneiro e mais famoso foi o “Piloto”, um cão da raça pastor alemão. Por ser companheiro dos paraquedistas e por estar acostumado a correr entre a tropa, surgiu a ideia de realizar, com ele, uma “área de estágio” especial. Após o treinamento com saltos da torre, entre outros procedimentos, Piloto executou os cinco saltos de qualificação, sendo o último no dia 26 de julho de 1951, a bordo da aeronave C-47 – 2063, sobre a zona de lançamento do Gramacho, tendo sempre sido lançado pelo seu adestrador.
No dia seguinte, na companhia de 52 novos paraquedistas militares, participou da cerimônia de brevetação, quando também recebeu o seu brevê. Ao todo, Piloto deu 46 saltos e faleceu, em 1954, por motivos de doença. A partir do Piloto, muitos foram os cães que se destacaram no adestramento e nos saltos de paraquedas.
Foi assim que se deu início a uma série de Cães Paraquedistas do Exército Brasileiro, que vamos continuar destacando ao longo dessa matéria.
Embora a Brigada de Infantaria Paraquedista tenha consolidado o conhecimento para o lançamento de cães a partir de aeronaves militares em voo, ocorreu um hiato de mais de 20 anos sem a realização dessa atividade. Em 2011, foi resgatado o lançamento com um cão da raça Rottweiler, Adam, do 36º Pelotão de Polícia do Exército Paraquedista, com a realização de estudos para modernizar os procedimentos de lançamento e os equipamentos.
Adam realizou seu primeiro salto durante a Operação Saci, no dia 19 de novembro de 2011, na zona de lançamento de Itaguaí (RJ), e atuou, ainda, nas seguintes missões: Operação Arcanjo (Pacificação dos Complexos do Alemão e da Penha), Operação América (segurança do Presidente dos EUA), e Conferência da ONU – Rio +20. Devido à idade avançada, Adam foi aposentado; porém, continuou no Pelotão, ao menos até o ano de 2018 (última notícia da IBRC sobre o Adam).
No 8° Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista (8º GAC Pqdt), Pércius, também da raça rottweiler, atualmente com dez anos de idade que recebeu todos os treinamentos militares necessários para se tornar um cão de guerra.
Pércius conseguiu passar nas duas fases que exigem do cão a pronta resposta a comandos de controle (ordens à voz); a execução de treinamentos físicos, como natação, passagem de obstáculos, ação reflexa de atacar pessoas a comando; e a passagem na câmara de gás, local fechado onde os instrutores espalham o gás lacrimogêneo, a fim de o animal ter um primeiro contato com o gás que poderá ser utilizado em operações de Garantia da Lei e da Ordem, mais precisamente em manifestações. Além de todos esses testes aplicados, nos quais o cão foi aprovado com êxito, Pércius foi submetido a testes específicos para se tornar mais um dos bravos Cães Paraquedistas do Exército Brasileiro.
No Centro de Instrução Paraquedista General Penha Brasil, tradicional e único centro de formação de paraquedistas do Brasil, o cão passou por treinamentos, testes e simulações, a fim de ser lançado de uma aeronave militar em voo. Passou pelo lançamento da torre, pela simulação dentro de um falso avião e pelo “balanço”, nome dado a um dispositivo que simula o movimento de aproximação de um paraquedista ao solo.
Após duas semanas de treinamento básico paraquedista, Pércius saltou de uma Aaeronave C-105 Amazonas, na Base Aérea de Afonsos (Rio de Janeiro). Após todos os treinamentos e, principalmente, do salto, recebeu o brevê de paraquedista, na formatura de brevetação, no dia 15 de dezembro de 2012.
No quartel, possui uma equipe de adestradores a sua disposição que, entre outros cuidados, se preocupa com o banho e com a ração selecionada. Pela manhã, realiza treinamento físico com corrida ou com natação.
Durante o ano de 2012, Pércius esteve presente em operações como a Rio + 20, Conferência das Nações Unidas realizada no Rio de Janeiro, participando da segurança do Centro de Coordenação e Controle do 8º GAC Pqdt; foi empregado durante as Eleições 2012, realizando a segurança da base de operações onde o quartel se encontrava; participou do desfile cívico-militar de 7 de setembro e, também, da novela Salve Jorge, da Rede Globo de Televisão.
No dia 17 de dezembro de 2013, ocorreu a brevetação de mais um cão paraquedista no 8º GAC Pqdt. O Cão Iron, tamb´´em da raça Rottweiler, após passar por treinamentos, testes e simulações durante duas semanas, realizou o salto de uma aeronave C-105 Amazonas, juntamente com seu cinófilo, na zona de lançamento de Itaguaí.
Não existem comentários